terça-feira, 23 de agosto de 2011

Ainda em registo de férias

Quarta-feira de manhã.

Ainda recém-chegados do Gerês, e o amigo R. fala-nos do magnífico fim-de-semana esticado que teve na Pateira, de Fermentelos.

O mais curioso, é que nem eu nem o P. tinhamos ouvido falar até então deste lugar.

Porque não? Pensámos nós!

Não tínhamos nada agendado...e o tempo estava por nossa conta.

Quinta-feira, estávamos de novo na estrada para mais uns dias de lazer até domingo.

A Pateira é simplesmente a maior Lagoa natural da Península Ibérica, e fica localizada no triângulo dos concelhos de Águeda, Aveiro e Oliveira do Bairro.

Uma pequena parte da vista do nosso quarto para a Lagoa

Para onde quer que olhássemos, a também chamada "Lagoa Adormecida" estendia-se diante dos nossos olhos.

Ao pôr-do-sol

O facto da zona ser muito rica em fauna, flora e espécies aquáticas, incluindo diversas espécies de aves, nesta lagoa é estritamente proibido o uso de barcos a motor ou motas de água. O que torna este lugar ainda mais interessante e aprazível. Tudo ali é paz, tranquilidade e sossego.

da janela do nosso quarto... a pesca...


O porquê de se chamar... Pateira

Aliás, numa extensão tão grande de lagoa, poderia haver um aproveitamento turístico muito diferente, com muitas residenciais, pensões, estalagens, hotéis e sei lá que mais. Mas não! E isso é um privilégio! E é tão bom ainda existirem estes pedaços de céu.

Para quem gosta de passeios ao ar livre e pelo meio da natureza, a Câmara Municipal de Águeda, numa parceria público-privada, disponibiliza bicicletas de utilização gratuita, nas margens da Pateira.

Nestes dias em que por lá estivemos, tentámos aproveitar bem as actividades promovidas no lugar onde ficámos, assim como os mergulhos na piscina ao final da tarde.

Entretanto, ainda houve tempo para...

... ir conhecer melhor Aveiro.






Aveiro e os seus canais... uma cidade a visitar e a descobrir

... dar um pulinho à Costa Nova e ver de perto as famosas e típicas casas às riscas. Em tempos idos, eram os "Palheiros", e hoje em dia são um verdadeiro postal ilustrado desta zona. Muitas delas, antigas casas dos pescadores, ainda mantêm a sua construção em madeira e toda a sua traça arquitectónica original.






Mas, e como não podia deixar de ser, ou não fossemos nós uns apaixonados pelo turismo de natureza, ainda fizemos alguns percursos pedestres. Nomeadamente, o trilho das Levadas, que é feito ao longo do Rio Marnel, um afluente do Vouga, num percurso de 7,5 km.

Graças a este passeio, tivemos a oportunidade de descobrir um espaço natural e paisagístico muito bonito. Açudes e levadas, antigos moinhos e campos agrícolas, e o habitat de algumas espécies, como a minúscula rã-ibérica.





Eu não disse que eram mesmo pequeninas!

Pela escassez de tempo, já não foi possível fazer todo o percurso pedestre da Pateira, numa extensão de 14km, mas mesmo assim, ainda conseguimos fazer parte dele.




Sábado à noite, foi mesmo a cereja no topo do bolo desta nossa curta-estadia.

A noite estava quente, o céu estrelado e a lua sorridente. Há muito que não tinha memória de uma noite assim...

O jantar acabou tarde. Decidimos ir dar um passeio ali por perto, a pé.

Não havia nada planeado e, de repente, surgiu o convite.

Quase meia-noite. Pegámos no barquinho que nos foi emprestado, por tempo indeterminado, e lá fomos nós ao sabor do momento.


Só os dois. No meio da lagoa deserta. Embalados pelas águas quentes. Sem coletes. Entre mim e o P. um candeeiro. Um pequeno farol que não chegámos a acender. A luz natural ia desenhando as sombras que passavam por nós, à velocidade do nosso ritmo. E fomos, cada vez mais para dentro. Sem pensar. Quase sem falar... só a sentir aquele momento único e irrepetível. Uma experiência mágica numa noite perfeita.

Já tarde, voltámos de coração cheio para dormir as últimas horas.

Uma despedida inesperada numa noite sem planos.

Gosto tanto quando a vida acontece assim...

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Locais Secretos - Gerês

Assim como grande parte dos portugueses, aproveitei o último fim-de-semana prolongado para fazer umas mini-férias.

Quinta-feira à noite decidimos o destino. Sexta-feira, arrumei as malas. Sábado, bem cedo, rumámos a uma das zonas mais bonitas de Portugal, e onde nunca nos cansamos de voltar: GERÊS.

Já dizia o poeta Miguel Torga acerca deste lugar:

"Há sítios no mundo que são como certas existências humanas: tudo se conjuga para que nada falte à sua grandeza e perfeição. Este Gerês é um deles."

Cada vez que vou ao Gerês, deixo sempre tanto por ver e tanto por fazer.

Sem dúvida que é uma fonte inesgotável de beleza e de segredos naturais.

E muitos desses segredos nem sequer vêm nos guias turísticos.

Desta vez conhecemos...

... o Poço Azul.

O primeiro "secret spot" desta nossa viagem.

Também baptizado por alguns como poço verde.

Estacionámos o carro acima da cascata do Arado, e seguimos pelo estradão.


Ao longo do caminho...


...encontrámos uma casa na árvore.




E borboletas de muitas cores. Gafanhotos e libelinhas azuis, que nos fizeram companhia ao longo do trilho.


A dada altura, depois de já muito caminho feito, perdemos o norte.

O software do GPS do telemóvel do P. deixou de funcionar. E as poucas indicações que eu tinha rabiscado numa folha de papel, não chegavam para deslindarmos o caminho certo.

O outro GPS pedestre apenas nos indicava o local onde nos encontrávamos, as velocidades médias, os quilómetros percorridos, e mais uma série de estatísticas... Valeu-nos a sorte de encontrarmos um grupo de quatro, de Braga, que andava ao mesmo que nós, e a quem nos juntámos.



As mariolas (monte de três pedras sobrepostas que, em certas serras, indica a direcção a seguir) foram de importante ajuda.


Ao fim de 5,5 km de caminho, com o sol bem a pique e depois de muitas subidas e descidas por montes e vales, muito suor e cansaço, eis que surge lindo e mágico o poço à nossa frente.



Sem mais demoras, despimos a roupa do caminho e mergulhámos naquelas maravilhosas águas frias e cristalinas. Um cenário idílico, impossível de ser ilustrado na mais bonita fotografia. Que soberba piscina natural, onde tudo ainda é tão virgem.




Pena foi não termos outro poço igual à nossa espera, no fim dos restantes 5,5 km de regresso.


No dia a seguir foi a vez de fazermos...

... a Fenda da Calcedónia

O trilho existente começa em Covide e acaba neste mítico lugar arqueológico, a Cidade da Calcedónia. Situada no maior cabeço granítico, com altura máxima de 910 metros, fica a Fenda da Calcedónia. O cume só se atinge atravessando uma estreita fenda situada entre duas enormes lages.


Inicialmente, e sem quaisquer indicações do local, julgámos que a fenda seria esta.


Mas a fenda da Calcedónia é uma estreita passagem, com cerca de 150 metros de caminho intrépido e mais de 10 metros de altura. É escura, húmida e fria.


A subida não é nada fácil. Exige destreza e boa preparação física. Só nos apercebemos das dificuldades depois de chegarmos ao sítio.

Não tivessemos nós encontrado alguém natural da zona, e bom conhecedor da fenda, e não nos teríamos atrevido a fazer a sua escalada. Ficaríamos apenas pelo reconhecimento do local e seguido trilho. Que é bem bonito, por sinal.

O sr. Armindo chegou ao local acompanhado por mais 2 pessoas. E nós, mais uma vez, colámo-nos ao grupo.

Arriscámos, porque tinhamos alguém à nossa frente experiente.




Depois de ultrapassado o primeiro obstáculo, já não dava para voltar atrás. Só queríamos chegar ao cimo o mais rapidamente possível e sair dali. A fenda, nas condições em que a fizemos, teve tanto de fantástico como de perigoso.

A adrenalina há muito que tinha disparado. Normalmente estas actividades são organizadas em grupo e implicam várias pessoas a ajudar e que conhecem bem o local.

Mas a vista que se alcança do cimo é de cortar a respiração. E a sensação de liberdade é impressionante e indescritível.



Lá no alto sentimo-nos pequenos perante tanta beleza e grandiosidade.

E durante a nossa estadia ainda tivemos tempo para ir conhecer a ilha do Ermal, em Vieira do Minho, e dar um mergulho naquelas águas mornas. Saí de lá cheia de vontade de voltar e fazer campismo selvagem.



Dias intensos, mas muito bem aproveitados.

Todas as palavras e todas as imagens são poucas. São lugares demasiado comuns para dizerem e descreverem tudo o que senti e vivi nestes dias.

Venham mais lugares secretos :)