Há uns dias na página do Facebook do blog antecipei que estava de partida para umas mini-férias cá dentro.
À medida que a contagem decrescente se fazia, aumentava em mim a coceira do bichinho. Eu estava em pulgas :)
Até que finalmente chegou a quinta-feira, o dia de levantar a autocaravana.
A experiência mais aproximada de autocaravanismo que tinhamos tido foi com a C. e o M. (
aqui). Foi uma semi-experiência, já que levámos tenda para a nossa pernoita, mas foi uma excelente iniciação para nos aguçar ainda mais o apetite por esta modalidade de férias.
A ideia de passear de casa às costas, viajando em total liberdade e independência numa casa sobre rodas é realmente um sonho, para quem aprecia o conceito.
O simples facto de se poder conhecer locais diferentes, sem a necessidade de marcar ou procurar hotel; o poder sair-se da estrada para espreitar um miradouro e decidir que é ali, com o mar aos pés ou rodeados por uma paisagem deslumbrante, o sítio perfeito onde queremos almoçar; parar numa praia e dar um mergulho quando não estava programado e seguir viagem; ter sempre tudo à mão e viver ao sabor da vontade, sem horários, a isto chamo pura vida, pura liberdade.
As expetativas, eram por isso, elevadíssimas. Os únicos planos que tinhamos para as nossas mini-férias era partirmos numa de aventura romântica. Escolhermos no momento o ritmo da nossa viagem e onde dormir, se bem perto da costa, a ouvir o mar, se junto a um lago silencioso ou se apenas debaixo das estrelas com o vento a embalar as árvores.
E foram todos estes motivos, e o sonho de um dia termos uma autocaravana, que nos levou à experiência de alugar uma.
A nossa escolha foi para a West Coast Campers. Cinco estrelas do princípio ao fim. Clientes satisfeitos são o melhor cartão de visita e publicidade aos vindouros :)
Cada uma das autocaravanas desta empresa é única. É personalizada o que torna a experiência ainda mais colorida, divertida e singular. São simples, sem grandes luxos, mas com o essencial para uns dias de total lazer e diversão. Os únicos requisitos para quem viaja e procura uma experiência verdadeiramente inesquecível é relaxar e descomplicar.
Na estrada a nossa autocaravana não passava despercebida. Uma festa para muitos miúdos e graúdos.
Desde o primeiro dia que ficou batizada pelo P. como a "Shark" :)
Quando alugámos a autocaravana não mostrámos preferência por nenhuma em particular. Todas elas eram giras. Por isso também foi uma surpresa a campervan que nos calhou na rifa.
A Shark foi sem dúvida a estrela desta viagem.
Depois das malas e tarecos arrumados, arrancámos pela estrada nacional rumo ao sul.
O primeiro ponto de paragem foi no miradouro do castelo de Palmela. Como a fome já apertava decidimos montar a mesa cá fora e almoçarmos enquanto apreciávamos as vistas.
Ao fundo Setúbal, o rio Sado e a península de Tróia.
Já na zona do Torrão, parámos durante alguns bons minutos para apreciar a albufeira do Vale do Gaio e seguimos caminho em direção a Ferreira do Alentejo. A ideia era conhecer e pernoitar nas margens da Albufeira de Odivelas.
O final de tarde tornou-se irresistível para um passeio ao longo das margens da albufeira. Belíssimo pretexto para passearmos por ali calmamente e tirarmos umas fotos.
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A noite começava a cair quando regressámos à nossa casinha de rodas, estrategicamente estacionada para garantirmos uma vista perfeita sobre este cenário bucólico.
Entretanto, e porque águas silenciosas, calor e noite normalmente chamam mosquitos, achámos melhor jantar dentro de casa.
De manhã bem cedo acordei com o chilrear dos pássaros madrugadores. Espreitei pela janela e àquela hora o sol já nascia no meio de um céu nublado. Voltei-me a enrolar nos lençóis e no edredão e deixei-me de novo adormecer.
Quando o P. acordou ainda estivemos uma eternidade embrulhados na roupa de cama a derretermo-nos em preguiça e a purificarmos a alma do urbanismo que tinhamos deixado ficar para trás. Tão bom este dolce fare niente :)
Quando a fome começou a apertar pedi ao P. que começasse a preparar o pequeno almoço.
Assim que a barriguinha voltou a ficar composta voltámos à estrada, saíndo do alentejo interior e rumando para o litoral, para a costa vicentina, desta vez para procurar sítios onde ainda não haviamos estado. De Odeceixe até Sagres havia muito por descobrir.
O mapa que nos foi emprestado já com algumas referências que acabaram por dar bastante jeito
Além do mapa também a nossa Shark vinha com um cd, com uma mescla de músicas ecleticamente escolhidas. Mais uma vez a West Coast Campers a dar cartas! :)
Passear pelas estradas secundárias é outra experiência a juntar ao rol. A paisagem, como uma fita cinematográfica, desenrolava-se diante dos nossos olhos, prendendo-nos a alma e hipnotizando-nos o olhar.
E sem darmos por isso Odeceixe era já ali ao lado. É impressionante a noção de tempo, quando nos desapegamos das horas e dos minutos para simplesmente viver o momento, o aqui e o agora.
Numa dessas nossas incursões juntinho ao litoral, fomos encontrar a praia da Amoreira, ali para os lados de Aljezur, num magnífico final de tarde. Um verdadeiro incêndio celestial refletia-se em cada faixa de nuvem, em cada rocha, em cada grão de areia, em cada poça de água. Por momentos senti-me a flutuar, como se as rochas fossem nuvens e o céu o perfeito espelho desta terra quente.
À semelhança dos nossos vizinhos autocaravanistas, também nós decidimos jantar e ficar por ali a gozar aquela noite mágica.
Nos restantes dias muitas outras praias receberam a nossa visita. Andar com a casa às costas como o caracol tem as suas vantagens.
Fomos sempre parando por aqui e por ali, totalmente entregues ao ritmo da nossa vontade...
Quando chegámos ao Cabo de S. Vicente, de repente o céu fechou-se e gotas grossas caíram do céu. O cenário junto ao farol ficou tremendo. Fantástico para uma foto e de novo nos fazermos à estrada a fim de encontrarmos o tal lugar aprazível onde ficar.
Algum tempo depois o céu voltou a abrir-se, as nuvens clarearam e ainda trouxeram um final de tarde prazeiroso ali para os lados da praia da Ingrina. Havendo por ali outras AC, o lugar pareceu-nos perfeito para pernoitar.
À noite a vista da janela da nossa casa sobre rodas para a praia da Ingrina era esta:
Na manhã de Páscoa, haveríamos de voltar a ver o mundo com nova luz e nova energia para explorar os caminhos recônditos e sinuosos da Ponta da Piedade.
No regresso fizemos a costa vicentina de sul para norte pela estrada nacional e vias secundárias. Não só trouxemos para casa o coração tatuado de experiências novas, como uma vontade infinita de voltar a viajar e a viver numa casa sobre rodas. Um registo que simplesmente adorámos e recomendamos para quem aprecie este estilo de férias. É simplesmente espetacular!!!!
Beijinhos e boa semana! :)