quarta-feira, 19 de agosto de 2015

Açores - Corvo

Estando nas Flores fazia todo o sentido reservar um dia para ir ao Corvo para conhecer a ilha e ficar a conhecer todo o grupo Ocidental das ilhas açorianas.

Antigamente, Corvo e Flores, por serem as mais longínquas ilhas do arquipélago, eram chamadas por muitos como "O Outro Arquipélago".

O Corvo fica a Norte da ilha das Flores, a uma distância de cerca de 40 minutos de barco. É a mais pequena ilha açoriana e a mais isolada da Europa.

Em 2007, juntamente com a ilha Graciosa, passou a fazer parte da Rede Mundial de Reservas da Biosfera da Unesco. Atualmente apenas 3 ilhas açorianas fazem parte desta Rede: Corvo, Graciosa e Flores.

Visitámo-la num dia. Fomos de Santa Cruz das Flores para a Vila do Corvo pelas 10h e regressámos pelas 17h. 

Inicialmente eramos para fazer a viagem no barco Ariel, o barco que faz o transporte de passageiros entre a ilha das Flores e o Corvo.


Mas resolvemos aceitar a sugestão da D. Teresa, a dona da residencial onde ficámos hospedados nas Flores, e fomos com o filho dela, o sr. Cristino, na sua lancha numa excursão por mar à ilha do Corvo, com passagem em torno da Ilha das Flores, para apreciarmos as grutas, cascatas e ilhéus que existem ao largo da ilha.

Com medo de enjoar em alto mar, e porque já tinha tido uma experiência nada agradável nesse sentido, antes da viagem tomámos cada um o seu comprimido de Vomidrine. Viagem santa!


No início do percurso de barco, podemos observar a costa recortada da ilha das Flores, com as suas grutas, cavernas e ilhéus. Mas também muitas quedas de água doce que saltam diretamente para o mar. Visitámos a gruta do Galo, assim chamada porque num rochedo próximo parece estar esculpida a figura de um galo. À sua entrada o sentimento é o de estarmos a entrar numa catedral. Lindo!

 Um dos ilhéus

 Junto da Gruta do Galo

Na saída da gruta

Já tinhamos sido avisados que embora não existissem quaisquer garantias era possível que durante o percurso conseguissemos ver golfinhos.


Cada vez mais perto da ilha do Corvo


Pormenor da encosta escarpada da ilha do Corvo com o seu manto verde

E vimos em vários momentos da nossa travessia. Muitos golfinhos, tantos no seu habitat natural, ali tão pertinho a mergulharem em sintonia naquele mar azul tão intenso e cristalino.





Ao fim de algum tempo atracámos no porto do Corvo, na parte sul onde foi edificada a única Vila desta ilha, a Vila do Corvo. A razão porque a restante ilha não foi povoada prende-se com o facto de todo o litoral da ilha ser alto e escarpado, com exceção da parte sul, uma fajã lávica onde veio a construir-se a Vila do Corvo. É nesta vila que se concentram todos os corvinos, num total de 430 habitantes. A Vila do Corvo é o único concelho de Portugal que não tem qualquer freguesia.


O branco do casario nas ravinas junto ao mar 

Da vila seguimos para o topo da Montanha, Monte Gordo.

Esta ilha teve a sua origem num antigo vulcão extinto, cuja imponente e ampla cratera, aloja a lagoa do Caldeirão. O Grande Caldeirão tem 3,7 km de perímetro e 300 metros de profundidade e é o grande ex-libris desta ilha. No seu interior podem-se observar várias lagoas, turfeiras e pequenas ilhotas. 

Por 5 euros, numa viagem por pessoa de ida e volta, apanhámos boleia numa das carrinhas particulares que aparecem junto ao porto de embarque na Vila e lá fomos rumo ao ponto mais alto da Montanha coroado pelo Grande Caldeirão.



Com as condições metereológicas a nosso favor a vista que se tinha era realmente soberba. Fascinados com o que viamos de cima quisemos descer ao interior da cratera e observar de perto as lagoas e as pequenas ilhotas. Afinal não é todos os dias que se tem a oportunidade de estar no interior de um vulcão. Uma hora para descer, uma hora para subir e mais algum tempo para disfrutar lá em baixo.

A subida foi custosa mas valeu pela descida! O Grande Caldeirão é das paisagens mais encantadoras que vi pelos Açores.

Seguindo o trilho

 A caminho


Pausa para tirar uma selfie à vaquinha


Ficou jeitosa a rapariga :)


Já no interior do Grande Caldeirão


Um cenário bucólico




Tão bom simplemente sentar, respirar, sentir e disfrutar de tudo isto


No topo das ilhotas


Um facto curioso que nos foi contado pelo nosso motorista corvino. De inverno quando chove e a lagoa enche, as pequenas lagoas dão origem a uma lagoa que se extende para todos os lados da cratera e as ilhotas ficam submersas. Do alto do Monte avistam-se então pequenas ilhas, cuja configuração se assemelha à do arquipélago dos Açores.



Quando chegámos de novo ao topo lá estava o nosso simpático motorista à espera, à hora que tinhamos agendado. 

Ainda fez algumas paragens pelo caminho para nos mostrar as bonitas vistas da sua ilha.


Todos os 430 habitantes se concentram aqui, na Vila do Corvo

 Praia da Areia

 Piscinas naturais

Moinho com vista ao fundo para a ilha das Flores

Depois do almoço tardio e de regresso às Flores, tivemos uma maravilhosa surpresa. Fomos presenteados por falsas-orcas. Que espetáculo!!!!

Esta espécie é por vezes confundida por observadores menos experientes com orcas. Mas o Sr. Cristino confirmou tratarem-se de falsas-orcas já que o seu tamanho é muito inferior e a forma do corpo é bastante distinta.








As falsas-orcas têm um tamanho médio de 5 metros, o corpo é esguio e quase todo preto. A cabeça é alongada e muitas vezes são confundidas com as baleias-piloto, dada a semelhança em termos de tamanho e coloração das duas espécies.

Gostei muito de conhecer o Corvo. Uma ilha muito pequenina, mas muito bonita e hospitaleira.

Informação Adicional (a quem possa interessar):

Barco: A diferença de preço que pagaríamos pelo barco da Ariel (20 euros ida/volta) não compensa os (30 euros ida/volta) que pagámos a viajar no semi-rígido do Sr. Cristino Serpa. Tivemos a oportunidade de ver as grutas e ilhéus das Flores e ainda a vantagem de poder ver de perto os grandes Cetáceos. Assim que dava conta da existência destes animais por perto, o Sr. Cristino abrandava, aproximava-se e desligava os motores. Foi simplesmente espetacular!!! 

2 comentários:

  1. Adorei as fotos e fiquei com vontade de conhecer o Corvo!
    Bjs

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  2. Ver estas fotos maravilhosas faz-em sentir um grande orgulho e uma grande alegria por viver neste paraíso! As ilhas dos Açores são lugares idílicos! Já tive a sorte de fazer uma observação de cetáceos num semi-rígido e é uma experiência inesquecível! Obrigada por partilhares estas fotos! Gosto muito de ver os Açores por outros olhos, que é como quem diz, por outras lentes! beijinhos

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Obrigada pela visita e pelo vosso comentário :)