E de Florença apanhámos novamente o comboio rápido que nos levaria ao nosso último destino em Itália: Veneza.
Considerada a Rainha do Mar Adriático, e conhecida por muitos como a Sereníssima, esta cidade é composta por 120 ilhas, servida por 177 canais e 400 pontes. A sua principal via de comunicação é o Grande Canal com cerca de 3 km de extensão.
Vista como uma das mais belas cidades do mundo, é inequívoca a riqueza e beleza da sua arquitetura e dos seus canais.
Não há cá a Veneza do Norte, a Veneza do Sul, Aveiro como a Veneza de Portugal. Veneza é Veneza!
Aqui não há carros, nem motas. Porque aqui não há estradas. Todos estes veículos ficam estacionados à entrada da cidade. Aqui só há canais e muitos, muitos barcos (vaporettos, alilagunas, barcos-taxi, gôndolas, etc...). Mas nem por isso deixa de haver trânsito :P
Veneza tem o seu lugar na história por ter sido uma das maiores potências mundiais da Europa, graças ao intercâmbio comercial entre este continente e o Oriente. O seu domínio de outrora está simbolicamente representado no leão dourado, símbolo da cidade.
Em termos de atividades culturais, Veneza é mundialmente conhecida pelos seus passeios românticos nas gôndolas, pelo Festival de Cinema, pela Bienal de Artes e pelo Carnaval.
É uma cidade altamente turística. Mesmo! Classificada como Património da Humanidade pela Unesco, o turismo representa a base da sua economia.
Nos locais mais turísticos da cidade as ruas estreitas são ainda mais estreitas. Sofrem de grande congestionamento, tal o número de turistas que por ali anda.
Por isso o melhor, para quem quer apreciar a cidade com alguma tranquilidade, é afastar-se e descobrir Veneza para lá da Praça de S. Marcos e da Ponte de Rialto. Aqui a confusão é brutal.
Mas é preciso não esquecer que Veneza é um autêntico labirinto de ruas e becos. Sem mapa qualquer turista se perde por aqui. E como não podia deixar de ser, no segundo dia, com mapa esquecido no quarto, foi complicado retornar ao hotel :P
Sobre Veneza já tinha ouvido opiniões muito díspares.
Desde ser uma cidade linda. A ser uma cidade mal cheirosa. A ser muito muito cara. A ser a mais romântica das cidades. Etc...
A minha opinião é que é linda sim. Durante a minha estadia nunca senti mau cheiro nos canais. É altamente turística e muito muito cara no que toca à restauração e hotelaria.
Se é uma cidade romântica, depende da perspetiva... pessoalmente, em Itália, achei Florença muito mais.
Em Veneza há uma exploração turistica até ao tutano de todo esse romantismo que a cidade promete a quem a visita.
Por exemplo os passeios de gôndola.
Faz parte da tradição todo o turista andar de gôndola. Há quem diga que ir a Veneza e não andar de gôndola é o equivalente a ir a Roma e não ver o Papa.
Para quem ainda não conhece, pode desde já imaginar o corropio e o frenesim de gente a querer fazer o passeio pelos canais na embarcação mais típica de Veneza.
E como a procura é muita convém puxar pelos cordões à bolsa. Atualmente existem mais de 400 gondoleiros e um simples passeio de 20 minutos anda entre os 50 a 80 euros, dependendo da altura do dia.
Com as suas camisas listradas e chapéus típícos, os gondoleiros são figuras conhecidas no mundo inteiro. É suposto cantarem para os turistas e tornarem a viagem o mais atrativa possível, contando factos históricos, verdadeiros ou fictícios, mas o que interessa é encantar os viajantes. Fazê-los a eles levar as melhores recordações de Veneza e trazer-lhes a si a melhor reputação de gondoleiros.
Nos dias em que estive na cidade só vi dois gondoleiros (mais velhos por sinal ou da velha-guarda) a cantarem as alegres e conhecidas músicas italianas que fazem o passeio ser muito mais bonito. De resto, e do que me apercebi, a maior parte limita-se a fazer o seu percurso específico sem mais demoras e diversões. É aviar o serviço que o tempo urge.
Da minha parte ficam então a saber que eu "não estive" em Veneza, nem em Roma. Não andei de gôndola, nem vi o Papa :P
Mas andei de cacilheiro no Grande Canal! Sim, e foi lindo e muito mais original e romântico do que eu poderia imaginar :D
Calhou mesmo bem a nossa ida a Veneza com a representação de Portugal na grande Bienal.
Se à memória que guardarei para sempre de Veneza, é este episódio. Andar num lindo e típico barco português na Laguna de Veneza, graças à nossa grande e ilustre artista Joana Vasconcelos.
Nesta cidade apanhámos um tempo mais tropical. Calor, alguns chuviscos, trovoada e em determinadas alturas alguma brisa mais fresca.
Posso dizer que o boletim metereológico foi muito, muito simpático connosco. Graças a ele pudemos ver uma cidade sob uma luz e atmosfera diferentes ao longo do dia. O céu mais espetacular que alguma vez poderia imaginar encontrei-o por aqui.
Cheguei a interrogar-me e a pensar mesmo se Deus não andará a ter aulas de Photoshop :P
Mas passemos às imagens que a descrição já vai longa e eu quando solto os dedos, perco-me no teclado :P
Quando as estradas são canais
Os gondoleiros
Vista do Grande Canal para o Campanille à esquerda,
o cais de S. Marcos ao meio e o Palácio dos Doges à direita.
Em todos os canais há sempre uma gôndola à espreita
Em hora de ponta é assim...
Praça de S. Marcos
É uma praça em forma de L rodeada pela Basílica de S. Marcos, a Torre do Relógio, o Palácio dos Doges e o Campanille. As principais atrações concentram-se aqui.
A praça e as suas ilustres pombas
As esplanadas na praça de São Marcos
A fotografia possível de um dos melhores exemplares
da arquitetura bizantina, a Basílica de S. Marcos
Infelizmente fomos encontrar partes da Basílica em obras. É uma pena os tapumes não deixarem captar na íntegra a beleza desta catedral, considerada a mais exótica das catedrais da Europa.
Lateral da Basílica
O famoso leão aladado numa das fachadas
da Basílica de São Marcos
Símbolo da cidade e do apogueu de Veneza, o leão alado atesta o orgulho veneziano na época em que este lugar exercia o seu domínio sobre os mares e o comércio.
Pormenor da fachada da Basílica
A fachada da Basílica exibe uma surpreendente coleção de mosaicos que ilustram a chegada do corpo de São Marcos a este lugar.
Pormenor do Palácio dos Doges
O Palácio dos Doges
Num estilo gótico veneziano o Palácio dos Doges (governadores) ou Ducal é um palácio fortificado que ocupou uma posição estratégica no controlo do comério do mediterrâneo oriental.
Praça de S. Marcos vista a partir da Basílica
Torre do Relógio
Pormenor da Torre do Relógio
A Torre do Relógio além de dar horas exibe as fases da lua e os signos do zodíaco. No topo voltamos a encontrar a figura do leão alado.
No centro da Praça de São Marcos fomos
encontrar o mítico Café Florian
A orquestra do Florian
É o mais antigo café da Europa e ainda mantém os painéis originais de madeira de 1720, bem como as mesas com tampos de mármore e espelhos com molduras douradas.
Aqui se pedirmos um cafezinho na esplanada a ouvir a orquestra, levados pela música podemos ter uma das visões mais bonitas da praça de São Marcos. Tudo isto pela módica quantia de cerca de 30 euros por pessoa :P
Campanille
Vale a pena subir ao topo desta torre e ter uma visão panorâmica de Veneza. No penúltimo dia, e já ao fim da tarde, fomos lá acima apreciar as vistas.
Vistas para a Praça de São Marcos com o cais e as gôndolas
Vistas para a Punta della Dogana
Vistas para as pequenas ilhotas
Vistas para a Praça de São Marcos
Vistas sobre a Basílica de São Marcos
Um arco-irís em Veneza
Eu nas margens do Grande Canal (Punta della Dogana)
Aqui todas as ruas são exclusivamente pedonais
A vista a partir da Ponte de l'Accademia
Em Veneza, dada a quantidade de pontes,
não há como travar os infratores do amor :P
Fugindo dos pontos turisticos conseguimos em certos locais
um encontro só nosso com Veneza
Por aqui também há barcos de papel :)
É muito comum assistirmos a sessões fotográficas com noivos nesta cidade
O encontro com o nosso Trafaria Praia :)
Como é de conhecimento geral, a nossa artista plástica Joana Vasconcelos participou na Bienal de Veneza 2013 com este cacilheiro. O certame teve início a 1 de Junho e irá terminar a 24 de Novembro.
No dia em que chegámos a Veneza, fomos encontrar o nosso cacilheiro nas margens do Grande Canal, perto da estação de vaporetto de Gardini.
Como era segunda feira estava encerrado. Só foi possível apreciar o painel de azulejos que reveste o exterior e que mostra ao mundo uma visão contemporânea e panorâmica de Lisboa, desde a torre do Bugio até à torre Vasco da Gama.
Sem mais informações quanto a preços e locais onde se vendiam os bilhetes, no dia seguinte fomos de novo encontrarmo-nos com o cacilheiro, o único pavilhão flutuante desta bienal.
Afinal a entrada é gratuita. Oh que chatice! :P
No convés do cacilheiro "Trafaria Praia"
Toda esta área está forrada com têxteis em tons de azul e com pequeninas luzes parece uma viagem ao fundo do mar. Mas como a própria artista explicou: "É uma sala-cega, será como entrar dentro de um ser vivo, sentindo a sua respiração que será dada pela oscilação das luzes".
A cereja no topo do bolo foi saber que o Trafaria Praia está de novo no ativo. Faz duas viagens por dia durante a semana e três ao fim de semana, na Laguna de Veneza. Tudo isto completamente grátis! :D
No piso superior encontramos todo o chão, bancos e
algumas mesas forrados com um elemento
bem português: a cortiça
O que posso dizer da viagem? Foi surpreendentemente linda. Apreciar Veneza num cacilheiro português a ouvir fado foi qualquer coisa de absolutamente comovente.
A dedicatória
Há cruzeiros que chegam a Veneza quase maiores
que a própria cidade :P
A ponte de Rialto, lugar de mercado e de muitas compras
A cada esquina há máscaras de todas as formas, cores, tamanhos,
para todos os gostos e para todos os bolsos.
Dois exemplares das famosas máscaras venezianas
Os trajes carnavalescos
O Carnaval de Veneza é o mais famoso da Europa e considerado o mais enigmático e elegante carnaval do mundo.
A tradição tem vários séculos de existência mas o uso da máscara como disfarce remonta ao séc. XVII.
Era usada pela nobreza que se disfarçava para sair à rua e assim poder misturar-se com o povo, rompendo com as regras socialmente estabelecidas. Nesses dias de festividade as máscaras permitiam que pobres e ricos, nobreza e povo se misturassem numa alegria ébria e colorida.
As tradicionais máscaras venezianas são feitas em papel machê. E pela cidade temos a oportunidade de visitar vários ateliers ou lojas especializadas no fabrico e venda, onde os ""machereri" (artesãos) constróiem e personalizam as máscaras.
Porém, muitas das máscaras que vemos à venda são feitas noutros materiais, como o plástico, e recorrendo a técnicas muito mais económicas. Existem até máscaras importadas da China e à venda em Veneza :P
A ponte mais famosa do Grande Canal (Ponte de Rialto)
Junto do Palácio dos Doges e ao Cais de São Marcos encontram-se duas colunas que constituem a entrada oficial de Veneza. A da esquerda tem no topo o leão alado de São Marcos e a da direita S. Teodoro de Amasea em pé sobre um crocodilo sagrado do rio Nilo.
Num final de tarde, junto ao cais
As famosas gôndolas no Cais de São Marcos
Com um céu tão dramático os turistas começaram a dispersar-se.
E a viagem por Itália chegou ao fim e com ela o regresso a casa. Por estes dias ainda me estou a sintonizar de novo com a realidade e a voltar às rotinas. Esta parte é bem difícil. É o lado mau das férias.
Beijinhos e bom fim de semana :)