terça-feira, 30 de junho de 2009

A casa que vamos deixar

Também as casas ficam sentidas com quem lá mora.
Ela já pressente que está para breve a nossa saída, até porque há muito que andamos a descurar completamente qualquer amor que ela pudesse merecer.
Não é de propósito, mas há muito que desistimos de cuidar da relação.
Ela lutou mais por nós, do que nós por ela e o colapso antevia-se como inevitável.
Uma relação de amor e ódio que vai chegar ao fim.

Faremos a divisão de bens, mas como ela é mais altruísta do que egoísta, quer que levemos connosco mais recordações suas. Nossas, quer coisa pouca ou mesmo nada.
Não é sem alguma nostalgia, apesar do estado eufórico de mudança, que começo a olhar para ela com saudosismo. Porque acaba por acontecer esta contradição de sentimentos? Queremos sair, mas ao mesmo tempo temos pena. Queremos pôr um ponto final, mas ao mesmo tempo sente-se um certo vazio. É possível que seja o hábito a fazer das suas partidas.

Neste momento, a única forma de lhe devolvermos o carinho é sabermos guardar e cuidar com zelo o melhor que ela nos deu. A única maneira de mostrarmos o quanto ela foi importante.

As chaves de casa

Muito antes de ter a famosa chave de casa, aquela que me daria acesso a um maravilhoso mundo novo, já o famoso porta-chaves existia. Ele apenas esperava guardadinho no seu saquinho de organza, a sua amada. Desta vez era "ele" a esperar por "ela" :)

O porta-chaves chegou mesmo no dia dos meus anos e foi um presente muito, muito especial da minha querida amiga "catita" ;)

Agora que porta-chaves e chave estão unidos pelo símbolo do "anel", não há nada que possa destruir esta promessa de vida em comum :)
Que o seu amor dure até que a morte os separe.

segunda-feira, 29 de junho de 2009

As virtudes e os defeitos

Também as casas têm virtudes e defeitos, como as pessoas.
Existem aqueles que são evidentes e aqueles que vamos descobrindo ao longo do tempo. Existem aqueles que eram inicialmente uma coisa e passaram depois a ser outra. Por agora, vou apontar as virtudes e defeitos que encontrei desde logo na minha casa.

Virtudes:
- ser um T3 (apesar de sermos por enquanto 2, é sempre bom ter espaço);
- a casa ficar num prédio de 4 andares (queríamos um prédio baixinho);
- existirem apenas duas casas por piso (não queriamos grandes confusões de muitos moradores no mesmo prédio)
- a localização da casa (queriamos um local sossegado, com bom ambiente, sem "arranha-céus", fora da azáfama da agitação urbana);
- ter varandas em todas as divisões, exceptuando os wc's (estava fora de questão comprarmos uma casa sem varandas);
- ter duas garagens fechadas com luz natural (têm comunicação entre si, são boxes como queríamos, e não parqueamento como a maior parte dos prédios oferecia);
- ter uma boa e espaçosa arrecadação ventilada;
- o chão do corredor dos quartos e respectivos quartos ser em madeira maciça (gosto mais) e não em flutuante como se costuma actualmente usar;
- todos os quartos terem roupeiro;
- ter uma vista desafogada sem prédios em cima;
- a casa estar literalmente dividida em zona social e zona privada;
- a existência de uma casa de banho na zona social e a existência de uma casa de banho que serve toda a segunda zona (normalmente a zona privada é servida por um quarto suite, de uso exclusivo de quem lá dorme).

Defeitos:
- apesar de sermos os primeiros proprietários, a casa já tem 4 anos e pouco;
- os acabamentos já estão um pouco desactualizados (mas estou convencida que isso é algo de muito efémero, pois o que está na berra hoje, amanhã já caiu em desuso; há que se ir fazendo melhoramentos);
- cozinha com móveis lacados de branco e azulejos brancos com um friso a meio da parede, na cor azul e com frutinhos (valha-nos Deus este friso, vai ser pintado, pois está claro!);
- não gosto de nenhum dos puxadores quer dos móveis da cozinha, quer da casa de banho (nem há margem para dúvidas, vai ser tudo trocado);
- não ter despensa, mas despenseiro (cada vez se torna mais rara esta pequena divisão, que tanta falta faz e cujo despenseiro nunca é um substituto à altura);
- tanto o corredor como a sala, terem tecto falso em madeira com focos;
- orientação solar da casa (não é a ideal - nascente/poente; a casa tem duas frentes, sendo que cozinha e sala estão viradas a nordeste, apanhando apenas sol de esguelha, e os quartos a sudeste apanham sol de amanhã à noite);

Entretanto, e com as sucessivas visitas até à escolha final, algumas opiniões foram alteradas.

Se inicialmente o branco dos móveis da cozinha me causava desconforto, fazia-me lembrar um laboratório, agora já me agrada bastante a cor. O branco transmite tranquilidade, harmonia, evidencia limpeza, é uma cor clássica e, por isso, intemporal. Agora já não imagino a minha cozinha de outra cor. Além disso, a bancada e o chão são de granito preto matizado e acho sinceramente que móveis, bancada e chão fazem um bom casamento :)

Durante bastante tempo, tanto eu como o P., pensámos mudar o tecto do corredor e da sala, por um tecto falso em pladur branquinho. A ideia era rentabilizar o máximo de luz e um tecto em madeira é um péssimo reflector. Andámos a ver de orçamentos e a brincadeira ia ficar despendiosa. Iríamos trocar um tecto de madeira maciça, um produto natural e, por isso, de valor, por um tecto de pior qualidade. Será que daqui a algum tempo não nos iriamos arrepender? Repensámos e desistimos dessa alteração. Temos a nosso favor o facto de gostarmos de mobiliário rústico, provençal, étnico e, por conseguinte, um tecto de madeira poderá até tornar-se a cereja no topo do bolo. Quiça? Se o nosso estilo fosse mais virado para o moderno, o tecto teria mesmo de ser mudado. Como é evidente, teremos de rentabilizar ao máximo a luz, e a escolha de tudo o que irá preencher este espaço terá de ser muito bem pensada em função da iluminação. Não tenho grandes dúvidas que a sala será o maior desafio desta casa ;)

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Finalmente

Finalmente, e ao fim de tanto tempo, temos a nossa casa :)
Finalmente, vamos começar a criar o nosso lar, à nossa imagem e semelhança. A reflectir nele aquilo que somos. Isso traduzir-se-á nas pequenas coisas, nas cores, nas paredes, no mobiliário, nos objectos, na disposição dos espaços, na organização ou falta dela.

Este é um dos nossos grandes projectos de vida, e agora que finalmente o conquistámos, ainda parece um sonho.
A casa está vazia mas, a pouco e pouco, vamos começar a preenchê-la, a dotá-la de alma e a dar-lhe todo o nosso amor.

Ela vai absorver as nossas energias e inevitavelmente reflectir e devolver sentimentos. Estamos empenhados e motivados para, dia após dia, criarmos e consolidarmos uma relação de cumplicidade, harmonia e tranquilidade entre as partes.

Este é, portanto, um espaço de reflexão e de partilha de muitas ideias, criações, invenções e delírios que se passarão debaixo do nosso telhado.