Há quem diga que quem tem uma bimby tem tudo.
E agora, o que será de mim que não tenho uma?
E pior que isso, o que será de mim que nunca me senti entusiasmada em ter uma (apesar de ter provado várias iguarias confeccionadas por esta máquina, que muitos consideram a maior invenção do séc. XXI ou a 8ª maravilha do mundo)?
Felizmente parece-me, a avaliar pelas pessoas à minha volta, que a febre bimbólica começou a dar tréguas, a diminuir. Ou será impressão minha?
Opá, já ninguém as podia ouvir! Porque a máquina faz isto, porque a máquina faz aquilo, porque a máquina faz este mundo e o outro... pronto, está bem! Já percebi! Não é preciso voltar ao início! Chega de histerismos!
E a pouco e pouco, este discurso tão empolgado e defensor, de quem tem uma bimby há dias ou há poucos meses, começou a tornar-se menos efusivo. Não digo menos convicto, porque quem faz um investimento destes tem sérias dificuldades em algum dia vir a admitir que a máquina não é mesmo uma maravilha.
Eu não sou de maneira nenhuma anti-bimby, perceba-se!
Eu não digo que a bimby não faça umas coisas bem boas. Os geladinhos, as sopinhas, as caipirinhas, etc... upa, upa :)
E não digo que não valeria o investimento, se a bimby com as actuais funcionalidades que tem, não estivesse a menos de metade do preço. Mas pelo preço que ainda se paga por ela, e tendo em conta aquilo que ela ainda não é capaz de fazer, acho-a estupidamente cara.
A bimby surgiu sobretudo com o propósito de nos facilitar a vida, de nos POUPAR TEMPO na cozinha.
Mas a bimby não descasca, não corta, não me prepara, grosso modo, os alimentos. Eu não sei como é convosco, mas esta é talvez uma das partes mais chatas da confecção e onde se perde também mais tempo.
Ah, mas tem também a função de picadora! Oh, bolas eu nessa parte pico num abrir e fechar de olhos as cebolas e alhos directamente para o interior do tacho. E se fosse por aí, tinha sempre a alternativa da picadora que tenho no armário ou então comprava já tudo picado. Fica "sensivelmente" mais barato!
Quando tudo isto está feito, a mim dá-me imenso gozo cozinhar. É nesta parte que posso ser criativa à vontade. Inventar nas quantidades. Este é o momento em que faço rodopiar a colher de pau na panela e me sinto uma verdadeira cozinheira. Então, na melhor altura é que a bimby entra em acção? Oh minha amiga, já chegaste um pouco tarde para a janta!
Mas a bimby liberta-nos da panela e do fogão e pode-se FAZER OUTRAS COISAS AO MESMO TEMPO.
Eu diria que a prática faz o mestre, e qualquer pessoa com alguma prática na cozinha consegue perfeitamente fazer outras coisas simultaneamente, dentro e fora deste espaço, e sem correr o risco da comida se estorricar ou transbordar. E mesmo que excepcionalmente estas situações aconteçam, faz parte e acontece aos melhores. Vivam os imprevistos e os enganos! Mal de mim se estivesse à espera da bimby para revolucionar essa parte da minha vida. A minha maçã-temporizadora também faz maravilhas! :D
A bimby traz-nos a promessa ou pelo menos a ideia que passaremos a TRABALHAR MENOS na cozinha.
É impressão minha ou é exactamente o fenómeno contrário que se verifica? O que eu vejo é as pessoas a fazerem uma porrada de coisas com a máquina. Então trabalha-se menos? A mim parece-me que trabalha-se a dobrar. Entenda-se a dobrar no sentido de não só não nos poupar o tempo prometido, ou o tempo que queriamos ter a mais para outras coisas, como agora há que meter tudo o que se fez no bucho, o chamado trabalho da engorda.
Ah, mas a bimby não suja tanta louça! Faz-se tudo no mesmo copinho!
Então, mas para que raio comprei eu a máquina de lavar louça? Não foi para me facilitar a vida naquilo que não gosto nada de fazer? Até aqui não me tem deixado ficar nada mal!
Ah, mas a bimby substitui num único artigo a picadora, a batedeira e um sem número de apetrechos...
Pois é, e agora a solução é chutar para canto o dinheiro que gastei em todos esses pequenos aparelhos eléctricos? Então afinal, e feitas as contas, a Bimby fica bem mais cara que os cerca de 1000 euros!
Quando a bimby, além do que faz, passar a descascar tudo, quando ela fizer um bom assado, um bom grelhado, acho que aí sou a primeira a ficar convencida.
As demonstrações, qualquer que seja o produto que queiram vender, são preparadas minuciosamente, carregadinhas de lirismos e poesias. Mas porque já perdi a conta ao número de demonstrações que tenho visto de tudo e mais alguma coisa, sou daquelas que há muito já ganhou calo rijo.
E hoje em dia, com tanta gente bimbólica, de certeza que qualquer um de nós não terá dificuldade em arranjar alguém próximo que lhe empreste a sua "preciosidade" por um par de dias. Aí terá tempo para tirar as suas conclusões sem pressões de qualquer género (tal como fez o Pedro Couto e Santos, do
Macacos sem Galho). E se se renderem mesmo aos feitiços da máquina, acho que aí valerá a pena todo o investimento.
E para quem não sabe mais o que há-de fazer ao dinheiro, julgo que ter uma bimby em casa não é nada mal pensado.
Mais do que isto, não vejo extraordinárias vantagens para o investimento que se faz.