segunda-feira, 31 de agosto de 2015

A Cereja no Facebook

Esta cadela chegou cá há uma semana e já tem uma quantidade de amigos que perguntam por ela e que querem muito saber notícias suas.

Com tanto sucesso, pediu aos donos para abrir uma página no Facebook, uma página só sua, onde comunica com os seus fãs. Uma página onde a Cereja é a protagonista :)


(Clicar na imagem para aceder à página)

Uma semana de Cereja

Já toda a gente sabe quem é a Cereja. Algumas pessoas já me perguntaram como é que foi esta semana com a Cereja. Percebo a curiosidade e tentarei responder neste post.

Mas antes de avançar quero partilhar que neste sábado, uma semana depois da Cereja ter vindo cá para casa, oficializámos a adoção desta canídea :) Foi um dia muito importante para ela e para nós e ao mesmo tempo muito emocionante. Foi a altura de se despedir do sítio e da família de acolhimento temporário com quem viveu nos últimos meses. 

A Cereja é uma jovem cadela com 1 ano. Uma podengo português que nasceu na rua e foi apanhada e levada para um canil. No canil permaneceu durante alguns meses até que se decidiu que iria para abate. Nessa altura a Associação AdoroMimos foi buscá-la a ela e a mais 4 cães. Todos foram batizados com nomes de frutas. O nome Cereja não foi dado por nós. Mas calhou bem porque adorámos e mantivemos a sua identidade.

Foi levada para uma FAT e passou a viver numa box de  1 m2 numa loja de animais. Tinha sorte porque a traziam à rua para fazer as necessidades e ainda brincar durante alguns minutos.

A Cereja sendo um cão de rua poucas ou nenhumas regras tinha. Nunca foi ensinada. No dia em que cá chegou parecia um touro a descobrir a casa. Uma correria, atirou-se para cima da cama, do sofá. Estava imparável. Com uma energia completamente descontrolada.

A primeira reação da nossa parte foi ralhar e mandar parar. Pior a emenda que o soneto. Ela  ainda fazia pior. Desafiava-nos mesmo! Rapidamente percebemos que o registo não podia ser aquele. Calmamente começámos a usar o "Não" sem gritaria, mas de forma firme e assertiva. Inteligente como ela é, acalmou. Foi acalmando aos poucos. Depois de duas ou três vezes percebeu que não podia subir ao sofá ou à nossa cama. A verdade é que nem na nossa casa, nem na casa de outras pessoas ela tenta subir a estes lugares. Deixou de se interessar minimamente pelo sofá. Adora a sua caminha e é para onde vai  e fica quando quer descansar.

Fez um xixi no primeiro dia na carpete da sala. Depois do raspanete não voltou a fazê-lo. 

Dois dias depois, na casa da minha irmã apanhou o caixote de lixo entreaberto e lambeu uma embalagem vazia de iogurte. Ficou com diarreia nesse dia. Como teve de ficar sozinha durante várias horas, quando voltei a casa tinha um cocó diarreico no meio da cozinha. Nem ralhei. A bichinha estava aflita. Se até nós quando estamos em dias apertados não nos aguentamos, quanto mais ela.

A partir daí tem sido sempre muito asseadinha. Não faz nada em casa. Nada!

Brincar, só brinca com os brinquedos dela. Só pega nesses. Nunca se interessou por sapatos, móveis, fios de portáteis, carregadores de telemóveis ou outros objetos cá de casa que estão sempre à mão de semear. Adora os seus bonequinhos e quando quer brincar connosco vai à caminha dela buscar a sua bonecada para a divisão onde estivermos. E depois desafia-nos à brincadeira. 

É de uma meiguice extrema. Foi sempre assim desde o início. Nunca nos rosnou. Gosta de socializar com os outros cães e gosta de crianças. Ao mesmo tempo é uma cadelinha muito independente.

Não chora, ladra ou arranha portas quando fica em casa sozinha. É realmente de um temperamento espetacular.


Nos três primeiros dias e por que vinha mal habituada não pegava na ração dela. Embora estivessemos cheios de peninha dela, não vacilámos. Não queriamos habituá-la a comer comida que não fosse a apropriada para ela. Era certo que depois se recusaria a comer a ração. E a ração é a comida mais completa para um cão e a mais saudável. A informação que tinhamos é que um cão pode mesmo fazer greve durante algum tempo. Ela também fez, mas com a fome acabou por ceder. Sim, emagreceu. Notámos isso. Mas agora come lindamente a ração e nem é preciso estar com outras estratégias e artimanhas.

Aqui em casa é uma autêntica sombra. Segue-nos para todo o lado. Nunca falei tanto sozinha como agora. O que eu me farto de falar quando estou com ela. 

Já começa a obedecer aos comandos que lhe damos. Já a mandamos sentar e ela senta. Aprende rápido com o reforço positivo. Quando ela faz bem, nós usamos um clicker e recompensamos sempre com um biscoito, ração ou com festas. Quem tem cães sabe que um clicker serve para aplicar o condicionamanto clássico do Pavlov no momento das aprendizagens. Quando o cão faz bem aquilo que lhe pedimos, ouve o sinal do clicker e de seguida é recompensado com alguma coisa que gosta. E rapidamente passa a fazer a associação dos dois estímulos e passa a responder às ordens. O nosso clicker é uma tampa de uma garrafa de conserva. Assim não precisámos de comprar nenhum clicker, à venda em PetShops. 

Estamos felicíssimos da vida porque acho que tivemos imensa sorte com esta Cerejinha. É impecável cá em casa e é de uma doçura que nos derrete o coração.

Mas ainda não sabe andar na rua. Está a aprender e vai levar o seu tempo. Mas com muita paciência e persistência da nossa parte ela chega lá. Assim espero. 

Embora as coisas estejam a melhorar com o tipo de recompensas que passámos a oferecer-lhe, na rua a Cereja é outra cadela. Completamente diferente da Cereja cá de casa. Fica bloqueada com os infinitos estímulos  que  tem à disposição. Não procura nem responde a festas e carinhos nossos. Fica desvairada, super excitada. Ao ser chamada ignora. Rejeita os biscoitos que em casa são extremamente tentadores. Está sempre a puxar a trela e não obecede às ordens. Se fosse um cão de grande porte, de certo que arrastava os donos no passeio. Não sabe caminhar ao nosso lado. 

Com o treino ela chega lá e já começa a dar mostras que consegue. Tivemos de trocar o petisco. Temos associado o clicker ao petisco no momento em que ela faz aquilo que lhe pedimos. Começa a resultar. Ela tem de perceber que não é ela que nos leva a passear, mas nós a ela. Não é ela que manda, que é a líder. São os donos que são os líderes da matilha.

Esta semana tem sido intensa e muito cansativa. Chego à noite rota, mas tem sido maravilhosa a nossa convivência com a Cereja. Estamos felicíssimos com esta adoção. É uma cadela extremamente agradecida. Adaptou-se muito rapidamente a nós e nós já não nos imaginamos sem ela. 

Desejos de uma boa semana e muitos lambijinhos da Cereja :)

sexta-feira, 28 de agosto de 2015

A caminha da Cereja

Quando a Cereja cá chegou e porque vinha à experiência eu tinha de lhe arranjar uma caminha com o que tinha cá por casa.

A primeira coisa que me ocorreu foi usar um tabuleiro azul que comprei quando vim para esta casa para colocar em monte a roupa engomada. Daquelas compras que não me serviram para nada porque se usei o tabuleiro uma vez foi muito.



Entretanto lembrei-me de uma das malas velhas que tenho como elemento decorativo no corredor dos quartos.

Fui buscá-la e troquei o tabuleiro por esta nova "velha" caminha. A Cereja gostou logo da troca.


Depois achei que a mala embora tivesse um ar engraçado e muito vintage, com os autocolantes que lhe colquei a fazer lembrar uma daquelas malas muito viajadas (podem ver aqui a reciclagem que fiz quando comprei as duas malas). Mas eu cá com os meus botões achei que a mala estava velha, gasta e pouco mimosa para a minha Cereja.

E foi assim que surgiu a ideia de reciclar a mala. Dar-lhe um ar menos pesado, mais fresh e clean, mais mimoso, sem entrar em grandes exageros.

Retirei os autocolates todos e limpei-a. Arranquei toda a zona do forro superior.

Aqui já tinha começado a retirar os primeiros autocolantes


Peço desculpa, mas não tirei fotos das várias fases porque estava com pressa em terminar a reciclagem para que o P. visse a cama pronta quando chegasse do trabalho e a Cereja pudesse dormir na sua caminha ainda nesse dia. Mas tentarei explicar todo o processo.

Depois fui à garagem buscar restos de tinta da marca Bondex para pintura de interiores, que tinha utilizado quando reciclei a cómoda do meu quarto (ver aqui). Com 3 demãos pintei a mala de branco areia.


A seguir fui buscar restos de tecido. Decidi manter a ideia/o conceito da bolsinha que a mala já tinha.


Então como é que eu fiz? Com a máquina de costura foi só pregar um retalho mais pequeno de tecido a um maior.

Em vez de fixar diretamente o tecido maior, com o retalho já cosido, no próprio tampo da mala, peguei num daqueles antigos calendários de secretária de plástico, que por acaso encaixava lindamente no tampo. Só precisei de cortar uma tira em baixo.


Resolvi forrá-lo com o tecido, usando cola branca para toda a superfície e por trás reforcei com cola quente no rebordo. Aqui foi importante que o tecido fosse maior que o painel para poder dobrar o tecido e rematar por detrás do calendário. E fiquei com um painel. Nessa altura a tinta já estava seca, pois seca muito rapidamente entre demãos. Fixei o painel ao tampo com cola quente que apliquei apenas nas pontas do painel.

Ficou logo com uma caminha renovada, de cara lavada. Acho que ficou muito mais gira para a minha Cereja.



Além disso, não gastei um tostão com a caminha dela porque foi só aproveitar materiais que já tinha cá por casa.

A verdade é que a minha Cereja é uma princesa e precisava de uma caminha mais fofa e querida :)




Beijinhos e lambijinhos da Cereja para todos vós :)

quinta-feira, 27 de agosto de 2015

Animais de estimação e carpetes

Feitas que estão as apresentações da minha Cereja, que é a coisinha mais boa desta vida (ai o que eu já adoro esta cadela), passemos a questões práticas, mais racionais e calculistas: o pêlo dos animais em casa.

Com animais em casa a rotina de limpeza altera-se completamente. Já não dá para pegar na casa uma vez por semana como eu fazia. Sobretudo tem de haver uma manutenção de limpeza do chão com maior frequência. 

Felizmente o chão da minha casa é um chão matizado claro ainda que na cozinha seja escuro, também é muito matizado com branco o que ajuda a que o pêlo fique bastante despercebido. O problema que agora tenho por resolver é a questão da carpete da sala. Em casa só tenho 2 carpetes e um tapete. Acabei com tudo o resto por uma questão de limpeza e higiene, muito antes de pensar ter animais. 

Mesmo sem animais, a carpete da sala (podem vê-la aqui) é uma carpete que se sujava muito facilmente por ser de um castanho muito escuro. Qualquer coisinha clara que lhe caia em cima, fica ali a reluzir como se de um diamente se tratasse. Agora imaginem com uma Cereja de pêlo branco. É a desgraça total. 

Tenho feito por escovar a Cereja quase dia sim, dia não, para minimizar a queda do pêlo.

Mas está-me a incomodar bastante esta questão e preciso de arranjar uma solução/estratégia para tratar o tapete da sala.

Cá em casa tenho um aspirador rainbow, bastante eficaz para a limpeza de tapetes e carpetes porque aspira tudo em profundidade, mas no dia a dia não é um aspirador minimamente prático. Como tem depósito de água acaba por ser uma trabalheira montar o aspirador e limpar o depósito de todas as vezes que aspiro. E agora passaram a ser muitas. Além disso é super pesado. Para limpezas semanais mais profundas é ótimo, agora como aspirador de manutenção, não serve as necessidades cá de casa.

(imagem retirada da internet)

De qualquer forma continuo com o problema da carpete. Já pensei em desfazer-me dela e comprar outra com uma cor média ou multicolor para que os pêlos fiquem mais camuflados. Faz-me falta uma carpete entre o sofá e a televisão. 


Gosto destes tapetes de tecelagem manual, mas renho receio que a comprar um deste tipo seja demasiado leve e se enrodilhe no chão. 

O P. não concorda muito com a compra de outro tapete para troca do que já temos, porque está-se a gastar dinheiro noutra carpete quando a intenção é camuflar pêlos? Ele é da opinião que a nossa sendo escura dá logo alarme quando o chão precisa de ser limpo. Este argumento não me convence de todo, porque então não faria outra coisa senão aspirar o raio da carpete ao longo do dia.

Já pensámos também na solução do Roomba, um aspirador robot, que deixaríamos a funcionar quando não estamos em casa ou para fazer a manutenção. Tenho sérias dúvidas que faça um bom serviço, mas é uma hipótese a considerar.

 (imagem retirada da internet)

Vocês que têm animais em casa, com problemas semelhantes aos meus, quais foram as soluções que encontraram e que melhor responderam às vossas necessidades?

Muito obrigada pela vossa precisosa ajuda.

quarta-feira, 26 de agosto de 2015

A Cereja

Vamos lá a uma adivinha...

O que é que tem nome de fruta, mas tem patinhas e gosta de dar muitos lambijinhos?

Quem é que adivinha esta? 

Pensem lá!

Está difícil?

Não chegam lá?

Ok, eu ajudo e ofereço a resposta.

A Cereja. A minha cadelinha. A minha canita. A minha nova companheira :)


Em tempos já tinha manifestado na página do blog, no Facebook, esta minha vontade de ter um cão  e cheguei a pedir referências de Associações que cuidassem dos animais com carinho e lhes oferecessem condições condignas de higiene e tratamento.

Há algum tempo que eu e o P. tinhamos o projeto de adotar um animal. Criar uma relação emocionalmente estimulante com um companheiro de 4 patinhas. Não tenho dúvidas que os animais nos ensinam imenso e nos tornam pessoas melhores em todos os aspetos. Por diversas razões tinhamos uma predileção por cães. Animais super inteligentes e muito fiéis ao seu dono. 

Essa vontade foi ganhando corpo e força ao longo do tempo e sobretudo ao longo deste ano. Obviamente que existiam imensas dúvidas e receios.

Ter cão dentro de casa, num apartamento é totalmente diferente de ter um cão num quintal. Além disso, é ter agora a preocupação de levar o cão à rua. Ter cuidados redobrados com a limpeza da casa. Ter que arranjar mais tempo para dedicar ao animal, brincar com ele, ensiná-lo, mimá-lo, educá-lo. É ter de assumir toda uma nova dinâmica familiar. É ter vizinhos em cima e em baixo e dos lados que temos acima de tudo que respeitar em qualquer altura, e mais ainda quando se tem um cão. É aumentarmos a família e assumirmos as responsabilidades dessa decisão. Porque querer um animal não pode ser o reflexo de uma vontade que vai e vem. Não pode ser um capricho porque é muito giro e querido e tudi e tudi no início, mas depois dá muito trabalho, despesas e queremos ir de férias... e nós não estamos para isso... e agora vamos despachá-lo, descartá-lo como se fosse um objeto, uma coisa. Este é um compromisso para o resto da vida que deve ser encarado com grande seriedade. Todos os animais merecem ser respeitados, acarinhados e bem tratados em qualquer altura, em qualquer idade, em qualquer fase da sua vida. 

Todas estas questões foram sendo faladas e discutidas cá em casa ao longo do tempo e foi amadurecendo em nós, sem precipitações, este projeto muito sério, esta ideia de ter cão.

Sempre esteve fora de questão comprar um cão, quando há tantos animais abandonados a precisarem de ser adotados. Até porque normalmente os animais de rua, os animais que estão em abrigos/canis já passaram por muito e tudo o que eles precisam é de um lar para serem felizes. Então porque não adotar? Porque não valorizar a vida de um animal, mudar-lhe o destino, transformar a carência em carinho e amor, a rejeição e o abandono em companhia, alegria e aceitação?

A poder escolher um cão procurávamos um de porte pequeno, meigo e jovem adulto. Não nos interessava que tivesse a raça x ou y. Podia ser um rafeirola qualquer. 

Ao contrário da maior parte das pessoas que procura cachorrinhos, porque são mais fofinhos, mais pequeninos, nós não faziamos de todo questão que fosse cachorro, embora tivessemos recebido conselhos de várias pessoas que um cachorro seria muito melhor, porque era mais fácil criarmos laços com o animal e o animal connosco. Com maior facilidade ensinavamos um cachorro e evitavam-se chatices de animais com traumas e maus hábitos, etc... Sempre achei estes argumentos muito falaciosos, porque cada animal tem o seu temperamento, mas tem também grande capacidade de adaptação. Porque não dar uma oportunidade a quem dela procura? Além disso, os cachorros muito mais facilmente são adotados em detrimento de cães adultos.

Posto isto, há alguns meses atrás passei a ser seguidora de algumas associações de animais. E foi assim que conheci e fui acompanhando as notícias e novidades da AdoroMimos, uma associação que desde o primeiro dia me transmitiu confiança e um grande amor pelos animais.

Fui conhecer a Cereja na passada quinta-feira e nunca mais me saiu da cabeça. No sábado voltei com o P. e nesse dia veio connosco para casa para um período de experimentação.

Desde o primeiro dia que esta cadelinha nos conquistou o coração. Já não me imagino sem ela. É de uma fofura que não se pode.

É uma jovem cadelinha da raça portuguesa podengo. Muito inteligente, enérgica, esperta, brincalhona, dócil e meiga para com toda a gente. Está neste momento a aprender quase tudo, mas é uma aprendiz de mão cheia.


Tem 1 ano e mais qualquer coisa.

Estava para abate quando a Associação AdoroMimos a foi buscar.

Cinco dias de convivência e já nos arrebatou o coração. Nunca pensei que a adaptação fosse tão fácil e que me apaixonasse e derretesse por esta bichinha num estalar de dedos.

É muito bem comportada. Aprende tudo muito rápido. É uma companheira exímia e vê-se o quanto está super feliz. E claro nós também :)

Entrei num mundo novo, no mundo canino. Tenho ainda tudo para aprender e só espero estar à altura de poder ser uma dona de raça :)

Conto com a ajuda de quem tem canitos. Sim, a vossa ajuda. Não há nada como a voz da experiência :) Obrigada.

segunda-feira, 24 de agosto de 2015

Açores - S. Jorge

E, por fim, seguimos do Pico para S. Jorge.

Apanhámos o barco de S. Roque do Pico para Velas, numa travessia onde ainda avistámos alguns golfinhos ao longe.

S. Jorge é sobretudo conhecida pela ilha das Fajãs. Para quem desconhece o significado do termo fajã, este é geralmente utilizado para designar plataformas costeiras, zonas planas anichadas junto a montes ou colinas com encostas íngremes. 

Uma das fajãs de S. Jorge

A morfologia da ilha de S. Jorge é muito particular. Criada por sucessivas erupções vulcânicas em linha reta, esta ilha apresenta um perfil alongado e bastante estreito, o que a torna única em relação às restantes ilhas do arquipélago. Tem 53 km de comprimento e 8 km de largura, tendo o seu ponto mais alto a 1067 metros de altitude, no Pico da Esperança. É uma ilha escarpada, um gigantesco navio de pedra eternamente mergulhado no mar azul.

Devido ao relevo acentuado da ilha, uma das atividades mais interessantes para se fazer são os trilhos pedestres.  Percorrer a ilha é um itinerário de descoberta. As Fajãs são de uma beleza surpreendente e a tranquilidade dos grandes espaços verdes convidam à descoberta e a uma ligação de estreita e intíma relação com a natureza.

Um dos produtos mais famosos de S. Jorge são os seus queijos. O famoso queijo de S. Jorge.

Mas comecemos por apresentar a vila mais conhecida de S. Jorge, Velas.


De Velas é possível ter-se uma vista desafogada para a ilha do Pico e para a ilha do Faial.


Quando chegámos, vindos do Pico, e porque o final do dia se aproximava, resolvemos pegar no carro e explorarmos a zona da Ponta dos Rosais.

Começámos por conhecer o Farol da Ponta dos Rosais que se situa no extremo noroeste da ilha. Inaugurado em 1964, foi considerado na altura o Farol com as instalações mais modernas em Portugal, com residências para os faroleiros e ainda edifícios de apoio. Foi temporariamente abandonado pouco depois, aquando da crise sísmica dos Rosais e da erupção submarina que ocorreu nas suas proximidades. Passada a crise, permaneceu habitado até ao início de 1980, sendo por essa altura evacuado por motivo de desabamento da falésia, provocado pelo terramoto desse ano. 

Para se chegar ao Farol percorre-se toda uma zona rural com bonitas estradas de terra, ladeadas por flores, muito verde e animais de pasto.






Do alto da antiga vigia da Baleia da Ponta dos Rosais, de onde se tem uma vista privilegiada para o Farol e para as ilhas do Faial, Pico e Graciosa.


Para quem visita a Ponta dos Rosais é obrigatório apreciar o seu Pôr do Sol

Na manhã seguinte decidimos visitar a outra ponta extrema da ilha, onde fica a vila histórica do Topo.

Desta vila conseguimos ver a ilha Terceira. Ao largo encontra-se o famoso ilhéu do Topo, considerado Reserva Natural. Trata-se de uma zona de descanso e nidificação de várias espécies de aves. Além disso alberga também diversas espécies endémicas de fauna e flora.


Pelo caminho fomos parando aqui e ali, apreciando as vistas dos vários miradouros que fomos encontrando. Sobretudo fomos apreciando toda a costa escarpada e as várias fajãs.

Já perto da hora do almoço ainda demos uns mergulhos nas piscinas naturais da Fajã Grande com os seus muitos peixinhos coloridos.



Já no pico da hora do almoço fizemos paragem na Vila da Calheta para almoçar uns filetes de atum no forno. A acompanhar duas Kimas de maracujá. Neste regresso aos Açores foi tempo de matar saudades desta bebida tão refrescante e tão boa. Com muita pena minha, nunca encontrei este refrigerante pelo continente.  Porque será que os açorianos não pensam exportar este suminho tão cheio de fruta? Se porventura conhecerem locais de venda pela zona da Grande Lisboa, não se esqueçam de me dizer ;) 


Hoje em dia é possível visitar quase todas as fajãs de carro. Porém a mais impressionante é a Fajã da Caldeira de Santo Cristo. Chegou outrora a ter mais de 200 habitantes, mas hoje é local sobretudo de romaria - espiritual e não só.

O sismo de 1980 causou desmoronamentos em ambos os acessos da fajã, destruiu a rede telefónica e isolou a Caldeira de Santo Cristo do resto do mundo. Os habitantes tiveram de ser retirados por um helicóptero da Força Aérea Portuguesa. Muitos deles fixaram residência noutros pontos da ilha e outros emigraram.

Hoje apenas 10 pessoas vivem nesta fajã, embora muitas das habitações tenham vindo a ser recuperadas para casas de férias.

Sem acesso a automóveis, o único modo de aqui chegar é a pé ou de moto 4, o meio de transporte que ultimamente substituiu os burros. Só agora, em 2015, se fala em instalar-se rede elétrica na Fajã da Caldeira de Santo Cristo.

Ir à Fajã de Santo Cristo era realmente um desejo muito grande da nossa parte. Conhecer um dos locais mais carismáticos da ilha. Mítico até. 

Uma das reportagens que mais me marcou sobre este lugar encontra-se disponível aqui. Impressionou-me. Aquele lugar só poderia ter uma energia muito especial. Tinha mesmo de lá ir desse por onde desse, por mais que os dias e as horas fossem demasiado curtos e muito ficasse para trás.

Já tinhamos lido que o percurso mais bonito é o que desce desde a Serra do Topo, a uma altitude de 700 metros. São cerca de 5 km através de pastagens e paisagens naturais muito bonitas. Desce-se ainda por um caminho que serpenteia o vale, de onde se avistam cascatas que convidam a um mergulho. No entanto, este seria um trilho mais difícil. Sobretudo na volta.

Se tivessemos mais tempo, teríamos optado por este. Como não era o caso e porque de alguma forma já apresentávamos algum cansaço quando nos pusemos a caminho ao no final da tarde, optámos pelo trilho que parte da Fajã dos Cubres. Como a nossa marcha teve início junto à igreja fizemos cerca de 5 km para cada lado. Mas este percurso poderá ser encurtado se deixarmos o carro mesmo junto ao início do carreiro. Daí serão 4 km.

Este percurso é muito bonito. Fomos sempre acompanhados pelo mar à nossa esquerda, com muita vegetação, flores e passarinhos que saltitam de ramo em ramo. De vez em quando alguns melros juntavam-se a nós e faziam de  pássaros-guia. 

A fajã dos Cubres e lá mais ao longe a Fajã da Caldeira de Santo Cristo

A caminho

A ficar para trás a fajã dos Cubres

 Uma das moto 4 que passou por nós carregada de mantimentos 

 E a Caldeira da Fajã de Santo Cristo cada vez mais perto

 Uma das sinaléticas sobre os períodos de circulação e quem pode circular

 A antiga mercearia

 O bode do sítio

 A espreitar para a Lagoa 

 Fachada da bela Igreja de Santo Cristo, local de culto onde vão devotos de toda a ilha pagar promessas e fazer pedidos de graças.

A festa do padroeiro da ermida é no 1º domingo de setembro. Os peregrinos, praticamente de toda a ilha, deslocam-se aqui pelo caminho da Fajã dos Cubres, como pela vereda da Caldeira de Cima que começa a grande altitude, na Serra do Topo e que, segundo dizem, tem vistas de cortar a respiração.

 No único café da fajã, Café do Borges, pejado de recados de quem passa e faz questão de deixar a sua marca. Um autêntico livro de visitas.

Toda a envolvência paisagística, o cuidado e bom gosto com que as casas foram restauradas fazem-nos acreditar que este é um lugar verdadeiramente especial.

 Junto à lagoa a descansar e a apreciar toda aquela paz e vistas magníficas

 Final de tarde na lagoa de águas salgadas, mornas e tranquilas.

Junto à Lagoa a famosa Igreja de Santo Cristo, datada do séc. XIX. Reza a lenda que terá sido construída após um homem ter encontrado uma imagem do Senhor Santo Cristo num pedaço de madeira a boiar nestas águas. Depois de a pôr na sua sala, a imagem voltaria a aparecer, na manhã seguinte, junto às margens da lagoa.




Tanto a Fajã dos Cubres como a Fajã de Santo Cristo têm uma lagoa, reservas naturais protegidas, Contudo, apenas na de Santo Cristo existe uma espécie de amêijoa, única nos Açores. Continua a ser um mistério como e porquê terão sido introduzidas as amêijoas na lagoa. O que se sabe é que já existem há mais de 100 anos e que aqui encontram o habitat perfeito. Em mais nenhum lugar do arquipélago existe amêijoa.



Na hora do regresso


Nós na volta eles na ida

Simplesmente adorei ter conhecido a Caldeira de Santo Cristo. Que lugar! Que energia existe ali! É realmente espantoso este sítio. Viemos de coração cheio.

No dia a seguir era dia de partida, mas ainda deu para ir à Fajã do Ouvidor, hoje um dos principais locais de veraneio da ilha. 

 Vista para a Fajã do Ouvidor

Junto a esta fajã encontram-se as célebres piscinas naturais da Poça Simão Dias. 


Poça Simão Dias





Já no aeroporto de S. Jorge

E como tudo o que é bom acaba depressa, as férias pelos Açores chegaram ao fim. Foram 9 dias muito preenchidos, muito intensos. 

Não me canso de repetir que este arquipélago é qualquer coisa de extraordinário. Adoro os Açores e espero voltar muito em breve. 


Despeço-me com um vídeo com muitos dos trilhos e lugares por onde passei. Só de ver fico arrepiada perante tamanha grandiosidade e beleza naturais. 


As ilhas dos Açores são lindasssssssssssss e verdadeiramente encantadoras. Não dá mesmo vontade de regressar e voltar para casa!

Informação Adicional (a quem possa interessar):

Carro: Alugámos pela Ribeiro e Sá Lda, com loja mesmo em frente à residencial em que ficámos. Mais uma vez o critério foi ter apresentado o orçamento mais barato dentro da gama mais económica de carros. 

Alojamento: Ficámos hospedados no centro de Velas na Residencial Neto, bem pertinho do Porto de Velas. Acomodações simples, mas muito asseadas. Foi sair do barco, subir a rua e já cá estavamos. Ao pequeno almoço havia sempre queijo de S. Jorge. Soube a posteriori que esta Residencial também oferece serviço de rent-a-car.