quarta-feira, 21 de março de 2018

É um caso sério este bolo de chocolate

Já experimentei este bolo 3 vezes e das 3 em aniversários. Por isso já me acho com legitimidade para afirmar que este é o meu bolo de chocolate de eleição.

Há um outro também muito bom que já tinha colocado aqui. Mas este que vos trago hoje tem ali um "je ne sais quoi" que o torna um bolo espetacular, absolutamente delicioso, sem ser demasiado doce ou enjoativo ao fim da primeira fatia. Porque o problema é esse, dá vontade de comer fatia atrás de fatia. E no último domigo foi vê-las a voar como andorinhas em plena primavera.

Regra geral não compro bolos de aniversário. Tirando uma ou outra exceção, prefiro fazê-los em casa. Um bolo caseiro feito com amor tem outro sabor.

Por isso não imaginam quando me vi a braços com a primeira festa de aniversário do meu filho.

E agora o que é que eu faço? O rapaz diz que gostava de um bolo do Faísca McQueen.

Vi-me quase, quase a encomendar um bolo numa pastelaria e assim resolvia-se a questão do bolo temático.

Mas por outro lado, achei que era tão mais mágico fazer o bolo em casa. As memórias do primeiro bolo de aniversário. Ele acompanhar a preparação do bolo, rapar a tigela. Era outro entusiasmo. Outro sabor a preencher as memórias, mesmo que o bolo não saísse tão bonitinho quanto se gostaria.

A verdade é que a decoração embora muito amadora fez a felicidade do rapaz, que estava super contente com o seu bolo do Faísca. Para a cobertura usei uma embalagem de queijo Mascarpone, adicionei um pacote de natas e bati tudo com açúcar amarelo a gosto. Para a decoração comprei uma embalagem de massa de amêndoa vermelha (à venda em casas especializadas mas também no Jumbo na parte das sobremesas), uma bisnaga de decoração alimentar em vermelho (à venda também na mesma secção), 2 palhinhas de papel, bandeirolas coloridas que retirei de um conjunto palitos de acepipes e um carro que usei da coleção do meu filho, que depois de lavado foi para cima do bolo em cima de um pedaço de folha de gelatina transparente, cortada à medida nem se via em cima do bolo.



O bolo do meu filho foi recheado de caramelo. Fiz o bolo numa forma única. Como cortei o bolo em duas metades ao invés de dividir a massa por duas formas do mesmo tamanho, tive de o deixar cozer mais um bocadinho para que não se desmanchasse todo na altura de o cortar em duas metade iguais. Claro que o recheio compensa depois alguma da humidade do chocolate que se perdeu com mais alguns minutos no forno. 

Já para o meu bolo não usei recheio. Cozeu menos tempo e por isso ficou muito mais húmido. Aquele bolo que se desfaz na boca. De uma próxima vez vou mesmo dividir a massa em duas formas iguais e depois montar com o recheio de caramelo.

Peço desde já as minhas sinceras desculpas por não ter foto de uma das fatias do bolo do meu filho e não ter nenhuma de jeito do meu bolo. Mas se uma pessoa não se atira às fatias na hora de comer o bolo, fica a ver navios que foi o que aconteceu ao meu pai. Mandei duas generosas fatias para casa deles e a minha mãe comeu as duas. Soube o meu pai por mim que eu tinha enviado duas, porque a versão da minha mãe é que eu só tinha enviado uma fatia pequena. E pronto, a minha mãe não se livrou dele a chamar de "Lambona!" :P

Fiz a mesma cobertura de mascarpone e natas para o meu bolo e usei a massa de amêndoas para fazer a restante decoração.

Como não sou supersticiosa e me esqueci de comprar vela, usei uma vela do ano passado (eu sou daquelas que guarda velas). Com uma faca cortei um bocadinho da cera, para descobrir o pavio novo e depois foi cortar a ponta do pavio queimado com uma tesoura. Voilá temos uma vela nova e ninguém dá por nada :)





E agora vamos ao que realmente interessa, à receita :)

Para introdução, e a título de curiosidade, em nenhuma fase da confeção deste bolo é necessário batedeira. Este bolo não se bate. E outra coisa curiosa é que a confeção da massa faz-se em 3 momentos. Momento 1, mistura dos ingredientes secos. Momento 2, mistura dos líquidos. Momento 3, junção dos sólidos com os líquidos

A medida da chávena que usei é de 200 ml

Bolo de Chocolate 

Ingredientes

2 chávenas e 1/2 de farinha de trigo
2 chávenas de açúcar amarelo 
1 chávena de cacau em pó (usei pantagruel)
2 c. de chá de bicarbonto de sódio
2 c. de chá de fermento em pó para bolos
1 c. de chá de sal grosso

1 chávena de buttermilk*
1 chávena de óleo vegetal
4 ovos
2 c. de chá de extrato de baunilha
160 ml de café expresso quente

Preparação

1) Cortar 2 círculos de papel vegetal à medida de duas formas iguais com cerca de 22 cm. Untar as formas com manteiga e farinha e forrar o fundo com o papel;

2) Pré-aquecer o forno a 180º C;

3) Numa tigela misturar bem com um garfo ou uma vara de arames a farinha, o açúcar, o cacau, o bicarbonato de sódio, o fermento e o sal.

4) Noutra tigela misturar o buttermilk, o óleo, os ovos inteiros e a baunilha.

5) Incorporar aos poucos a mistura de líquidos na mistura dos sólidos. Por fim adicionar o café quente e mexer.

6) Dividir a massa pelas duas formas e assar por 35 minutos ou até que no teste do palito este saia limpo.

7) Retirar os bolos do formo e deixar na forma por 30 minutos até esfriarem completamente.

Recheio de Caramelo:

100 gr de açúcar
100 ml de natas
1 c. de sobremesa de sopa de manteiga
uma pitadinha de pedrinhas de sal

1) Levar o açúcar ao lume com 1 colher de sobremesa de água. Deixar que se dissolva até ficar castanho claro.

2) Aquecer as natas.

3) Fora do lume, juntar ao açúcar em caramelo as natas, cuidadosamente e aos poucos, mexendo com uma colher de pau ou vara de arames. Juntar ao creme a manteiga, continuando a mexer. Deixar arrefecer e conservar até à altura de usar.

*Para fazer o buttermilk é juntar a 1 chávena de leite 4 colheres de sopa de sumo de limão e deixar repousar alguns entre 5 a 10 minutos à temperatura ambiente até o leite apresentar o aspeto de leite talhado.

Para quem decidir fazer este bolo numa forma só sem recheio aconselho a cozer durante 45 minutos. Se optarem por usar a forma e dividir o bolo em 2 metades aconselho a que este coza por mais 8 a 10 minutos.

E agora sejam felizes com este bolo de chocolate :)

terça-feira, 20 de março de 2018

Do primeiro dia do Pai

Ontem foi um dia muito especial cá por casa.

Desejo que seja o primeiro de muitos dias do pai. 

Um dia especial para pai,  filho e mãe que viveu como se fosse dela este dia também.

O pai fez questão de marcar presença na escola do filho e receber as surpresas que tinham sido preparadas para ele.

Em casa recebeu muitas outras surpresas que o filho também quis preparar. Coisas simples, destituídas de valor material, mas valiosas no que guardam em si de afeto e amor.

Tentei não participar e intrometer-me muito na elaboração das surpresas cá de casa porque a beleza está no que é genuíno e autêntico.

E é por isso que este dia me comoveu tanto a mim quanto ao pai.

Entre outras surpresas, o nosso filho quis desenhar a família e oferecer ao pai. O pai,  a Cereja, o filho e a mãe. Achei tão cheio de significado. Limitei-me a ajudá-lo nas letrinhas que ele só teve de copiar de uma folha para o desenho.


Depois disso quis fazer o pai em peças de Lego.

E a imaginação do meu filho deixou-me assim de coração cheio quando me chamou para ver a sua construção e ajudar no problema que ele não estava a conseguir resolver. O pequeno boneco de playmobil não cabia dentro da janela que ele colocou no peito do pai. Com alguma ajudinha da mãe, arranjou-se uma pecinha de lego onde se pudesse colocar olhos. Depois da peça escolhida, ele decidiu que queria que o filho estivesse a dormir na "barriga" do pai.


Arrepia-me esta ligação tão umbilicalmente amorosa entre pai e filho que começou ainda antes de existirem um para o outro (ver publicação "Prometidos").

Não é a primeira vez que ele se desenha dentro do pai. Outras vezes dentro da mãe. Muitas vezes dentro dos dois. E a verdade é que o carregámos os dois ao peito, Pai e Mãe. Carregámos o nosso filho 5 anos no coração. E em nenhum o amor pesou mais do que no outro. 

Mas como a mãe também queria fazer uma surpresa ao pai, elaborou poucos dias antes um álbum da semana em que conhecemos o nosso filho até ao dia em que regressámos com ele a casa. É uma compilação de momentos mágicos, únicos, deste nosso amor maior. 

O álbum chegou ontem cá a casa. Mesmo em cima do dia do Pai. Experimentei pela primeira vez a Saal para a criação do álbum. Descarreguei a aplicação no PC e aproveitei o desconto promocional na primeira encomenda. Adorei a qualidade do acabamento do álbum e das fotografias. Excelente. Recomendo. Ficou um álbum livro muito bonito.

O pai adorou e comoveu-se, sobretudo porque desconhecia a existência de algumas fotos que eu tinha, entre elas o momento em que o nosso filho nos conheceu e correu para os braços do pai. Fotos essas tiradas pela psicóloga do Centro de Acolhimento. Fotos dos nossos primeiro passeios, das nossas primeiras gargalhadas, beijos, refeições, brincadeiras, da nossa ida à piscina, ao parque, do dia em que o nosso filho veio dormir connosco pela primeira e única vez à "casinha do hotel" e a meio da noite se mudou para a nossa cama. Enquanto pai e filho dormiam juntos, tirei fotografia. São momentos como estes que fazem deste livro um livro de memórias inesquecíveis, o mais lindo registo das nossas vidas. 



Início do álbum

Fim do álbum

Ontem o dia foi simples, mas carregado de emoções bonitas. Juro que nunca imaginei um dia emocionar-me tanto com o dia do Pai. Mais do que o dia do pai foi o dia deles e eles merecem-se tanto!

segunda-feira, 12 de março de 2018

Tu e a Cereja


Com a tua chegada estávamos muito longe de imaginar o quanto a Cereja viria a ser importante na tua e na nossa vida ao longo destes 5 meses que estás connosco.

Não só porque adoras animais. Não só porque no teu imaginário tu sonhavas com uma família onde existisse um cão. Não só porque adoras a Cereja e é de derreter corações a maneira como a mimas e a tratas; da mesma maneira que lhe fazes traquinices e a chamas tantas e tantas vezes “minha quida mai linda e mavilhósa”. Quando vamos a algum lado tu pensas imediatamente nela. Se não pode ir connosco sentes pena. A vossa relação é extraordinária e é incrível saber o quanto é “mavilhóso” o teu coração e o quanto ele cresce connosco e com ela.


Mas mais importante é a empatia que no imediato criaste assim que soubeste da história de vida da Cereja. Nunca fizemos a associação da história dela com a tua história. Nunca. Mas tu fizeste-la. E a verdade é que tem ajudado tanto.

Sabes que a Cereja foi abandonada. Que a Cereja foi para um canil, um lugar onde os cães estão tristes porque não têm família e querem muito ter uma casa sua e uns donos que cuidem e ofereçam carinho e mimo. Sabes que fomos buscar a Cereja e que a Cereja foi adotada por nós. Sabes que não existem fotos da Cereja cachorrinha porque a Cereja já veio crescida para a nossa casa (tinha sensivelmente 1 ano). E sabes o quanto ela é amada e estimada por todos.

Foi talvez no primeiro mês, num dia de sessão de cinema no sofá, enquanto víamos “A Dama e o Vagabundo”, que tu verbalizaste pela primeira vez essa associação de histórias. Tu estavas no CAT (Centro de Acolhimento Temporário) e os pais também te foram buscar como foram buscar a Cereja. Ambos ganharam uma família. Foi tudo quanto disseste.

Quando vês um cão na rua sem dono a tua preocupação é imediata. “Está abandonado!” e mostras-te triste e preocupado porque vai para o canil.

Há 2 dias, estava eu a conduzir enquanto tu vinhas com a Cereja no banco de trás do carro e perguntaste: “Mãe qual era o nome antigo da Cereja?”. Fiz ali um compasso de espera de segundos para arranjar um nome que não me esquecesse e inventei este:

“Cereja Joaquina Almeida Costinha”.

Tu sabes que na altura em que os pais foram buscar a tua cadelinha já ela se chamava Cereja. Tal como tu já tinhas um primeiro nome. E que desde que passou a viver nesta casa é Cereja Patrícia e restantes apelidos da família. Os mesmos que irás ter quando todo o processo se concluir (nunca mais passam os eternos 6 meses de pré-adoção!).

No início ficavas baralhado quando ias ao médico e te chamavam pelo nome, que já te dissemos irá mudar quando chegarem os novos documentos. Por enquanto as outras pessoas não sabem que tu já não estás no CAT. Mas quando tiveres novos cartões todos saberão o teu novo nome e aí já não existirão mais confusões.

Por agora na tua cabeça tu achas que nasceste no CAT e que estavas lá à espera que os pais te fossem buscar. Que a psicóloga e a assistente social que nos visitam todos os meses em casa são as fadas madrinhas que avisaram a mãe e o pai que já tinham um filho e que esse filho eras tu. E por isso tivemos de viajar para longe para te ir buscar. E tu tiveste de fazer uma looooooonga viagem para chegares a casa (até agora a maior que já fizeste e na tua cabeça é mesmo muito, muito longa como se te tivessemos ido buscar à Conchichina). 

Mas voltando à tua pergunta sobre o anterior nome da Cereja, assim que ouviste a minha resposta não te vi o rosto, mas ouvi-te lá atrás a falares com a Cereja e a dizeres-lhe: “olha Cereja, eu também vou ter um nome novo como tu”, “Todos vão saber que somos da mesma família”. Nessa altura espreitei pelo espelho retrovisor e vi-te a afagares-lhe o pelo enquanto esboçavas um sorriso.

Obrigada Cereja por seres o nosso cão. Obrigada por tudo o que nos dás todos os dias da tua vida.

P. S. Para quem ainda não segue a Cereja na sua página do FB, podem fazê-lo aqui e acompanhar as suas histórias, aventuras e momentos em família :)