
Um, dois, três...partida, largada, fugida!
26 de Dezembro.
Partimos para umas mini-férias em turismo de aldeia.
Desta vez decidimos visitar a aldeia de Monsanto. Uma aldeia histórica, situada no concelho de Idanha-a-Nova, no distrito de Castelo Branco.
Algures, em miúda, enquanto passava férias em Monfortinho, com os meus pais e a minha irmã, visitei pela primeira vez este lugar. Confesso que pouco ou nada me lembrava dele.
Apenas que tinha uma réplica de um galo de prata, símbolo do título de "Aldeia mais Portuguesa de Portugal".

Oh, fraca memória!
Mas desta vez, as lembranças estão bem frescas e escrever sobre elas é a melhor forma de as poder perpetuar no tempo.
Na segunda-feira fomos encontrar a aldeia de Monsanto aninhada numa encosta escarpada - o cabeço de Monsanto.
A aldeia é uma imponente e impressionante povoação esculpida no granito agreste de um monte de pedra que domina toda a planície circundante. É impossível, para quem a visita pela primeira vez, não ficar surpreendido e profundamente admirado pelas constantes mostras de puro engenho e arte. Tanto se encontram lajes de granito a servirem de chão, como penedos a servirem de parede ou de telhado nas casas.
Por isso, quem visita Monsanto é com certeza assaltado pela mesma dúvida que alguém um dia escreveu sobre este lugar:
“Nunca se sabe em Monsanto
(que as águias roçam com a asa)
se a casa nasce da rocha
se a rocha nasce da casa”




E, nestes dias, foi um verdadeiro deleite poder vaguear pelas ruelas sinuosas, sem presas, sem tempo, sem hora marcada. Descobrir os recantos solarengos, tranquilos e harmoniosos que compõem de forma melodiosa a paisagem. Descobrir um povo envelhecido e sereno, mas muito orgulhoso das suas raízes e do que é seu por direito.



Além de toda a originalidade arquitectónica que caracteriza Monsanto, a aldeia oferece ao visitante muito património histórico. Nela encontramos registos bem visíveis da presença humana desde o paleolítico, passando pela ocupação romana, assim como pelos vestígios da permanência visigótica e árabe. Há por isso muito que descobrir e apreciar neste cantinho de Portugal.
O pôr-do-sol, visto do alto dos 758 metros de cabeço, é sem dúvida um dos mais bonitos que já alguma vez vi. E quando a noite chega cobre com um manto de magia e misticismo este lugar que é único.






Durante a nossa estadia aproveitámos para fazer alguns percursos pedestres, nomeadamente o da "Rota dos Barrocais" que nos oferece uma visita guiada pela aldeia e as cercanias, numa extensão de 4,5 km.


No dia a seguir à nossa chegada, visitámos também a localidade de Penha Garcia e fizemos a obrigatória rota dos Fósseis, numa extensão de 3 km. E sem dúvida que valeu mesmo a pena conhecer as imponentes arribas que envolvem todo o vale que se esconde abaixo da barragem. Aqui as rochas expõem vestígios de Trilobites, seres marinhos que viviam nesta região, na Era do Paleozóico.
Durante o bonito percurso, fomos encontrando lindos moinhos de rodízio, que foram alvo de recuperação nos últimos anos e que outrora constituiram o maior conjunto de unidades moageiras do concelho de Idanha-a-Nova. Daí a importância e a referência que ainda hoje tem o pão de Penha Garcia.



E assim regressamos a casa, orgulhosos do nosso país e cheios de esperança que estas obras-primas da humanidade e da natureza sejam preservadas até à eternidade.